domingo, 20 de fevereiro de 2011

Curso de Extensão - Acidentes com animais peçonhentos

Cientistas podem ter descoberto a cura para a gripe comum – e para vários outros vírus

Qualquer livro de medicina informa que, quando um vírus invade uma célula, o único jeito de matar o vírus é matar a própria célula. No entanto, alguns cientistas do Laboratório de Biologia Molecular de Cambridge descobriram uma maneira de matar o vírus deixando a célula que ele invadiu intacta. Isso significa que a cura para a gripe comum e para vários outros tipos de doenças causadas por vírus pode ter sido descoberta.
O estudo contrapõe a crença de que você só pode matar um vírus enquanto ele ainda não está dentro da célula. Depois que o vírus se instala a sua única esperança é esperar que ele “passe”. Você até pode matar a célula, mas isso é altamente prejudicial ao seu organismo.
A descoberta mostra que as células possuem um mecanismo de defesa interno e esse mecanismo poderia ser fortificado por fatores externos, tornando a célula ainda mais forte.
Funciona da seguinte forma: anticorpos no nosso organismo reconhecem o vírus e se prendem a eles. Quando os vírus invadem uma célula os anticorpos estão intactos. Então uma proteína dentro da própria célula, a TRIM21, reconhece os anticorpos e sabem que um “invasor” está ligado a eles. Então essa proteína ativa os mecanismos de defesa da célula, destruindo o vírus em duas horas, impedindo que o vírus possa tomar conta da célula e se reproduzir.
Os cientistas acreditam que a TRIM21 possa ser inserida no nosso corpo artificialmente – por meio de um soro nasal, por exemplo – aumentando a capacidade defensiva do nosso organismo.
Até agora o método foi testado apenas em culturas de células humanas separadas, não em animais “inteiros” ou em pessoas, mas os cientistas estão muito otimistas. Afinal, aumentar a capacidade defensiva das células as deixaria intactas enquanto o vírus é completamente eliminado. Seria um remédio completamente “saudável”.

Os cientistas acreditam que os testes em humanos poderiam começar daqui a dois anos

“Célula de vaga-lumes” pode restaurar corações

“Célula de vaga-lumes” pode restaurar corações: "– Enviado usando a Barra de Ferramentas Google"

Pesquisadores brasileiros criam biosensor que identifica infecções causadas por parasitas

Cientistas brasileiros criaram um sensor elétrico simples, que pode ajudar a diagnosticar quando uma pessoa está infectada por parasitas Leishmania amazonensis. Como aqui no Brasil, assim como em outros países em desenvolvimento, a leishmaniose ainda é uma doença muito comum, é útil ter um aparelho de baixo custo que possa diagnosticar a doença em pouco tempo.
Segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, cerca de 12 milhões de pessoas no mundo sofrem com a leishmaniose, doença que causa úlceras na pele e que pode ser até fatal se não for tratada. Ela é provocada pelos protozoários citados acima e transmitida pela picada dos mosquitos-palha, os flebotomídeos.
De acordo com o professor Valtencir Zucolloto, da Universidade de São Paulo (USP), é realmente difícil detectar quando alguém está infectado com essa doença porque a quantidade de anticorpos que o organismo produz para combatê-la é muito baixa. Outra doença que tem o mesmo problema é o Mal de Chagas – o protozoário Trypanossoma cruzi, responsável pela doença, também é difícil de ser detectado.
O sensor criado pelos cientistas brasileiros é, basicamente, um quadrado de vidro do tamanho de um selo, equipado com eletrodos de ouro. Os eletrodos são cobertos com os antígenos de um patógeno específico. Quando a doença é verificada, a capacidade dos canais muda, indicando a infecção para os cientistas.
Apesar da tecnologia ser interessante, até agora sua funcionalidade só foi verificada em ratos, mas a equipe de cientistas já planeja fazer testes em humanos. [C&EN]

por Hype Science

In: http://hypescience.com/pesquisadores-brasileiros-criam-biosensor-que-identifica-infeccoes-causadas-por-parasitas/

Mosquitos geneticamente modificados combatem a dengue


Cientistas criam mosquitos geneticamente modificados para “sabotar” o Aedes aegypti, inseto que espalha a dengue, uma doença que infecta 50 milhões de pessoas e mata 25.000 por ano, e representa uma ameaça para 40% da população mundial.

Atualmente, o único método de combate à dengue é matar e controlar os mosquitos que espalham o vírus quando se alimentam de sangue de indivíduos infectados. Não há vacina, nem drogas preventivas ou terapêuticas. As medidas de controle são apenas para matar os mosquitos com inseticidas ou monitorar e restringir pequenas poças d’água, pratos e outros recipientes onde eles se reproduzem. O leque de opções é muito limitado.

Agora, o novo mosquito tem sido considerado um sucesso pelos pesquisadores. Essa é a primeira vez que mosquitos geneticamente modificados são liberados na natureza. Até o final do teste de seis meses em um terreno de 16 hectares, as populações de insetos nativas que espalhavam o vírus da dengue haviam caído.

Os pesquisadores criaram milhões de machos carregando um gene alterado chamado “tTA”, que é passado para as fêmeas quando eles se acasalam. Como os machos não picam, ninguém fica doente. Já o gene letal passado impede que as larvas e pupas cresçam de forma adequada, levando-as a morte antes da idade adulta e quebrando o ciclo de vida dos insetos.

Nos primeiros seis meses do estudo, os pesquisadores liberaram um total de 3,3 milhões insetos machos. Eles mediram a depleção da população através de verificações semanais sobre os ovos postos pelas fêmeas. Nos primeiros três meses ou mais, a proporção de vasos contendo pelo menos um ovo aumentou gradualmente, atingindo um pico de mais de 60%. Mas até o final do experimento, a proporção havia caído para 10%.

Os investigadores concluem que o número de ovos despencou porque a maioria estava morrendo como larvas. Os recursos consumidos pelas larvas e pupas condenadas competiam com insetos normais, o que ajudou a reduzir a população.

Agora que a pesquisa já terminou, os pesquisadores vão acompanhar o local para ver quanto tempo a população de mosquitos leva para se recuperar. O objetivo é estabelecer quantos machos precisam ser liberados, por quanto tempo e onde, a fim de suprimir eficazmente as populações naturais.

Outro objetivo é usar os machos geneticamente modificados em conjunto com métodos de controle normal para combater a dengue. Os pesquisadores já realizaram testes na Malásia, e tem autorização para realizar ensaios em muitos outros países afetados pela dengue, como Brasil, França, Índia, EUA, Tailândia, Cingapura e Vietnã.

A ideia é convencer os países de que a modificação genética é uma estratégia que pode salvar vidas e prevenir a dengue. [NewScientist]

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Declaração Universal de Bem-Estar Animal

Declaração Universal de Bem-Estar Animal



A WSPA - Sociedade Mundial de Proteção Animal lançou, em junho de 2006, um importante documento para estabelecer critérios uniformes para a proteção dos animais em todo o mundo: a Declaração Universal de Bem-Estar Animal – DUBEA. Um acordo que estabelece diretrizes básicas de bem-estar, reconhecendo os animais como seres sencientes (que têm sentimentos) e sua proteção como importante meta para o pleno desenvolvimento social das nações.

A WSPA lidera uma coalizão mundial de organizações que apóiam a campanha Para Mim os Animais Importam, cujo objetivo é recolher o maior número possível de assinaturas até 2010 e levar o plenário da Organização das Nações Unidas a votar a DUBEA. Com isso, a WSPA pretende garantir métodos efetivos para coibir práticas de maus-tratos aos animais, criando parâmetros internacionais de orientação. A DUBEA viria a influenciar legislações de diversos países, encorajando-os a criar ou a melhorar suas leis voltadas ao bem-estar animal.
Apoio popular

Atualmente, o abaixo-assinado pela DUBEA conta com mais de um milhão e meio de assinaturas! O Brasil é responsável por mais de 200.000 assinaturas, e o apoio popular cresce diariamente.

Cerca de 200 entidades de defesa animal e milhares de colaboradores têm trabalhado para sensibilizar a população e conseguir apoio. Só na Semana Mundial dos Animais, em outubro de 2007, foram conquistadas mais de 150.000 adesões em apenas sete dias. Até o fim de 2008, a WSPA espera conseguir outro milhão de assinaturas!
Apoio político

O apoio político para a Declaração Universal de Bem-Estar Animal tem chegado aos escritórios da WSPA, que age como secretariado oficial. Cartas de apoio foram recebidas de Ministros e Oficiais dos governos de Austrália, Costa Rica, Egito, Quênia, Letônia, Lituânia, Filipinas, Polônia, Nova Zelândia e Eslovênia, bem como da Comissão de Saúde e Direitos do Consumidor da União Européia. O Brasil já conta com o apoio de vários deputados federais, assim como de conselhos e associações veterinárias.

O presidente da Costa Rica e prêmio Nobel da Paz (1987), Oscar Arias Sánchez, foi a 1.000.000ª pessoa a assinar o documento, em dezembro de 2007, fechando o primeiro ciclo da campanha.

O suporte também vem crescendo entre as organizações internacionais. Em 2007, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), representada por escritórios de 160 países, deu apoio oficial ao desenvolvimento do documento.
Apoio de celebridades
Os astros internacionais Jackie Chan e Miranda Richardson são duas das muitas celebridades que apóiam a iniciativa. Já no Brasil, artistas como Luigi Baricelli, Eliana, Rubens Ewald Filho, Luisa Mell, Betty Gofman, Thiago Fragoso, Georgia Wortmann, Cora Rónai, Bia Bedran e Evandro Mesquita também aderiram à campanha.
A importância da DUBEA

A Declaração Universal de Bem-Estar Animal estabelece o direito à vida, destacando a presença humana como parte de um ecossistema que deve ser reconhecido e respeitado para que haja harmonia e equilíbrio entre as sociedades. Atualmente, mais de um bilhão de pessoas no mundo dependem diretamente dos animais para sobreviver, o que reforça a idéia do bem-estar animal como fator-chave no planejamento de estratégias para atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Com o apoio oficial da ONU, a DUBEA seria parte integral dos esforços internacionais em questões como a pobreza, a sustentabilidade ambiental e a saúde humana.

Para participar do abaixo-assinado, saber mais e ajudar a recolher assinaturas em apoio à DUBEA, acesse www.dubeabrasil.org.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Brasil, país de doutores

Brasil, país de doutores


Durante uma tese de doutorado você passa por diversas situações que o estimulam a desistir, e simplesmente abandonar tudo. São longas horas de dedicação a um determinado assunto.

Durante anos você é mal remunerado e nem sonha com qualquer direito trabalhista. Afinal, você é um “estudante”. Mas também não tem diretos estudantis. Esse “limbo” acadêmico que é o doutorado termina após muito sacrifício e abstinência dos prazeres mundanos, sacrifício da saúde, pouco contato com a família e com amigos. Isso acontece com a maioria dos doutorandos em ciências biológicas. Acredito que não seja muito diferente em outras áreas do conhecimento.

Se você é exceção, acaba com uma bela tese e os resultados serão publicados numa revista de impacto ou mesmo num livro, dependendo do assunto. Em geral, a maioria dos doutorandos “só” termina a tese. Ela será impressa e arquivada em uma prateleira de alguma biblioteca, de alguma universidade. Resta a sensação de ter contribuído um pouquinho com o potencial intelectual da espécie humana. Para muitos isso basta, afinal agora você tem o título de “doutor”, é uma autoridade em determinada área e um leque maior de possibilidades poderá se abrir para você.

Segundo dicionários da língua portuguesa, “doutor” é aquele que atingiu o maior grau de instrução universitária. É todo aquele que defende uma tese na presença de uma comissão julgadora de especialistas da área, os quais julgam a originalidade e relevância da dissertação.

Apenas instituições universitárias autorizadas podem conceder o título.
No Brasil, “doutor” é também um título tradicionalmente associado a bacharéis, médicos e advogados. Em alguns casos, como para os advogados e certos religiosos, o título é garantido constitucionalmente, com origens não muito nobres, datadas do período da colonização brasileira. Em outros, como no caso dos médicos, o título é informal, garantido pelo povo como respeito ou admiração a esses profissionais.

Em países de língua inglesa, os títulos profissionais são usados de forma mais específica para cada caso ou profissão. Por exemplo, usa-se o termo “Medical Degree” ou simplesmente “MD”, informando que o profissional é formado em medicina. Caso esse profissional defenda uma tese, ganha também o direito de usar o “PhD” (Philosophiae Doctor), assim como o “Dr” brasileiro, indicando o mais alto grau acadêmico. “MD” e “PhD” distinguem dois tipos de profissionais de saúde, que podem ou não usar os dois títulos.

Voltando ao Brasil. Na realidade, em nosso país, o título de “doutor” se estende para todo “homem muito instruído em qualquer ramo” (a definição do Houaiss), incluindo engenheiro, pastor, político, economista, dentista, delegado etc. E como “instrução” é um parâmetro subjetivo, acaba-se assumindo que todo homem “bem-sucedido” teve instrução. Na sociedade brasileira, a vestimenta do indivíduo, ou seus bens materiais, refletem a imagem “bem-sucedida”. É essa imagem que faz muito engravatado ser chamado de “Doutor” pelas pessoas, principalmente as mais humildes.
Esse percurso inusitado do termo “doutor” acaba dividindo classes sociais em doutores (ricos) e não doutores (pobres). “Doutor” deixa de ser utilizado como um título e vira pronome de tratamento. O famoso “Pra você é Doutor Fulano” anda de mãos dadas com o egocêntrico fenômeno nacional “Você sabe com quem está falando?”, bem utilizado em discussões onde o interlocutor busca uma forma de demonstrar superioridade e proteção.

O uso indiscriminado do termo reflete a forte tendência do tradicional distanciamento das classes sociais no Brasil. Nesse cenário, o papel do doutor acadêmico acaba diluído, pois o número desses profissionais é bem menor. Longe de mim querer restringir o direito de uso do termo “doutor” somente àqueles que defenderam uma tese. Meu objetivo com esse texto é apenas informar o leitor que existe uma classe de doutor – aquele que faz pesquisa científica. A maioria desses doutores não gosta de ser chamada de doutor, não ganha bem e raramente usa gravata.

Há doutores bons e ruins em todas as áreas, doutores que recebem o título por mérito e outros que se autointitulam doutores.

Pequenas ações, como reciclar o lixo, economizar água ou recolher o cocô do cachorro da rua, podem alterar em muito nosso ambiente social. O uso do termo “doutor” com mais cuidado pela população pode ajudar a diminuir a distância social, valorizar os melhores profissionais em todos os ramos, além de estimular o aperfeiçoamento individual.


Postado por Alysson Muotri em 02 de março de 2010 às 15:20
Postado na coluna Espiral, no G1.